sexta-feira, 29 de julho de 2016

Jovem quer preço baixo e conectividade no seu primeiro carro



Fazer o "feliz proprietário" do primeiro carro é hoje questão de honra para montadoras. Em busca de fidelidade à marca, elas ampliam estratégias para laçar esse público jovem, mas que também inclui consumidores em ascensão, os "migrantes" dos usados para o segmento do zero.
Preço, opções de financiamento e conectividade são apostas para atrair quem chega agora ao mercado de novos. Hoje, o segmento de entrada responde por 55% das vendas totais de veículos, segundo estudo da consultoria Jato Dynamics. Entre os dez modelos mais vendidos nesse nicho, os valores vão de R$ 34 mil a R$ 70 mil.
O estudante Mateus Rila, 18, e seu 1º carro, o Fiesta 1.6 com dois anos de uso e 15 mil km rodados: 'Paguei R$ 40 mil, o mesmo que pagaria em um novo básico',diz.
"Os modelos mais comprados são os intermediários, uma vez que os preços de partida são, na maioria simbólicos, nem estão disponíveis", diz Milad Kalume Neto, gerente da Jato Dynamics.
Até o cantor Wesley Safadão, que arrasta multidões aos seus shows de "arrocha", entrou na briga pelo consumidor do primeiro carro zero, em campanha da Renault. "Estamos falando cada vez mais a linguagem dos jovens", acredita Cláudio Rawicz, gerente de marketing.
Para atrair os mais novos, o preço é fundamental. A Renault concorda: seu modelo de entrada mais vendido é o Sandero, que custa a partir de R$ 41 mil e está entre os dez mais emplacados no país no acumulado do ano até junho, com 26,4 mil unidades.
"Além do valor, apostamos na facilidade do financiamento, já que esse público não tem carro para dar de entrada", diz o gerente. A campanha atual da marca prevê entrada de R$ 1 mil e parcelamento em até 60 vezes.
Na Volkswagen, segmento de entrada também é coisa séria. Por duas décadas ela liderou as vendas desse nicho com o Gol, hoje na sexta posição do ranking. Mas Gol e Up! já venderam 50,8 mil unidades neste ano, até junho. O volume equivale a pouco mais de 50% do total de automóveis vendidos pela marca em 2016. "O Take Up! (R$ 33,9 mil) e o Novo Gol Trendline duas portas (R$ 34,2 mil) estão entre os modelos de entrada com menor custo no país", diz Henrique Sampaio, gerente de marketing. "A primeira compra é mais racional que emocional, o preço tem muita relevância."
A Fiat tem três opções na manga para os primeiros proprietários de carro novo: Uno, Palio e o recém-lançado Mobi, que em junho vendeu mais entre estes modelos.
Enquanto isso, Hyundai e General Motors brigam pelo topo, com HB20 e Onix, respectivamente. Por enquanto, a coreana se deu melhor: vendeu 78,9 mil unidades, 10 mil a mais que o concorrente.
TECNOLOGIA
Depois de pesquisar e visitar concessionárias, Marcela Mendonça, 24, preferiu o HB20. "Apesar de custar um pouco mais, ele tem mais tecnologia embarcada que o Onix. Isso pesou na decisão."
A garota comprou a versão mais básica do modelo e contou com a ajuda do pai para pagar. "Desde os 18 quero ter um carro, só agora consegui realizar esse desejo", diz.
Como ela, a maioria jovem olha preço, mas é seduzida também por conectividade.
Ricardo Bacellar, diretor da KPMG para o setor automotivo, diz que o segmento de entrada mudou nos últimos anos. "As montadoras precisaram alterar os modelos para atender demandas dos jovens. Carro 'pelado' não vende mais. Isso acarretou em modelos com mais tecnologia, e um pouco mais caros."
O segmento deve partir de preços cada vez mais altos, pela necessidade de incluir itens eletrônicos e seduzir o consumidor estreante. "Hoje o custo tecnológico de um veículo representa 25% do total. Em uma década, será 65%. É uma tendência sem volta", diz Bacelar.

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